segunda-feira, 30 de abril de 2007

Quando era puto isto é que era giro!



Andava a navegar pelo “You Tube” quando achei uma daquelas relíquias espantosas... 30 minutos de filme resultantes de uma montagem, que consistia no genérico de vários desenhos animados dos anos 80. Não quero parecer velho, mas sou do tempo em que me levantava às 8 da manhã, dirigia-me ao quarto dos meus pais e pedia autorização para ir ver os desenhos animados. Ah, bons tempos, em que a minha única preocupação era não perder os melhores desenhos animados que passavam na RTP. O meu vicio era enorme, não havia desenho animado que eu não soubesse o nome. Para mim não havia cá grande distinção entre desenhos animados de rapazes e de raparigas (embora gostasse mais de uns do que de outros), marchava tudo, desde os ursinhos carinhos, passando pelo dinossauro Denver, até ao He-man ou o Captain Power (muito melhor que as imitações rascas dos Power Rangers). A qualidade da altura era diferente, era melhor, a essência das estórias eram melhores, a violência não era tão explicita e no final sabíamos sempre que o bem vencia sem haver mortes e sangue.

Não digo que a minha infância foi passada em frente a um televisor mas que foi uma grande companhia, isso foi, sem dúvida. A Rua Sésamo ajudou-me a desenvolver, a contar e a ler, o “Bravestar” ensinou-me que o bem triunfa sempre e o “Sport Billy” ensinou-me que há solução para tudo. Aprendi o sistema solar com os inúmeros heróis espaciais, aprendi que a poluição era má com o “Capitão Planeta”, a prendi os signos com os “Cavaleiros do Zodíaco”. Hoje os desenhos animados são diferentes, são mais violentos, não ensinam os miúdos a brincar... ensinam a lutar, mas infelizmente, com as mãos e não com a cabeça (no sentido intelectual). Tenho saudades de ouvir a musica do “Tom Saywer”, na televisão ou as divertidas peripécias do “Bocas”. E quem não se lembra da merchadising dos vários desenhos animados que existiam? Aqueles Dan Cake com um boneco lá enfiado que saia besuntado de chocolate, os cromos brilhantes que eram os mais difíceis de sair e para os quais matávamos a cabeça dos nossos pais para comprar mais uma carteirinha de cromos.

Hoje temos a geração Playstation, com um monte de jogos de luta e gangs, desenhos animados onde o sangue impera e a mensagem da vitória do bem contra o mal esfuma-se entre braços cortados e cabeças a rolar. Ao ler esta última frase lembro-me do meu pai a refilar comigo sobre os desenhos animados que via... nem sabia ele o que vinha depois. Não acho que tudo seja mau, mas o desenhos animados deixaram de fazer parte do nosso imaginário para ser um produto do consumo, algo que naquele tempo se tentou implementar, mas os ideais eram diferentes. Lembro-me de jogar ao pião, à apanhada, à corrente eléctrica, corrida de caricas, futebol botão, brincadeiras que hoje nem se ouvem falar, a não ser que sejam um nome de um novo videojogo. Sei que a evolução leva a uma mudança de mentalidade, de costumes, de convivência e leva a novos divertimentos, mas só tenho pena que neste processo evolutivo se perca o que de melhor há nas brincadeiras... fazer novos amigos, tornarmo-nos num ser social e não criar uma concha para nos enfiar-mos lá dentro.

Mas para todos aqueles que se identificam com as minhas palavras deixo-vos alguns vídeos, que é mesmo para terem aquela típica reacção... “EPAH, há quanto tempo não ouvia isto! Eu não perdia um episódio.”. Eu diverti-me bastante a alguns destes vídeos e espero que vocês também.


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